Acusado de ter pressionado o ex-titular do Ministério da
Cultura para liberar uma obra em Salvador, o ministro da Secretaria de Governo,
Geddel Vieira Lima, enviou na manhã desta sexta-feira (25), por e-mail, uma
carta de demissão ao presidente Michel Temer. Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, Temer aceitou o pedido de Geddel,
que era responsável pela articulação política do governo federal com o
Congresso Nacional.
Na carta de demissão, na qual se referiu ao presidente da República como
"fraterno amigo", Geddel escreveu que "avolumaram-se as
críticas" sobre ele e, em Salvador, vê o "sofrimento" de sua
família, que é o "limite da dor que suporta". Ele, então, diz ao
presidente que "é hora de sair". A crise política provocada pela denúncia chegou ao gabinete presidencial nesta
quinta (24) quando veio à tona o teor do depoimento prestado nesta semana pelo
ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, à Polícia Federal (PF).
Calero disse aos policiais que, durante uma audiência no Palácio do Planalto,
Temer interveio em favor dos interesses do ministro da Secretaria de Governo. O
ex-ministro da Cultura, que pediu demissão na última sexta (18), gravou a
conversa que teve na semana passada com Temer. A construção do edifício "La Vue", pivô da questão envolvendo Geddel
que comprou um apartamento na planta no local, já foi responsável
pela demissão do superintendente do Iphan na Bahia. A aprovação da construção
do prédio foi feita com parecer de Bruno Tavares, que na época era
coordenador-técnico do Iphan baiano, e hoje seu superintendente.