Pela segunda vez no ano, fracassou a tentativa da Câmara
dos Deputados de aprovar uma alteração na legislação para anistiar
explicitamente o caixa dois eleitoral, tema de alto interesse dos políticos
alvos da Operação Lava Jato. A votação da proposta em plenário, que ocorreria nesta quinta (24), foi
adiada. Assim como na primeira vez, as articulações envolveram o presidente da
Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), líderes de alguns dos principais partidos, de
esquerda e de direita, e foram feitas quase que exclusivamente a portas
fechadas.
A anistia seria inserida no pacote de medidas contra a corrupção
apresentado pelo Ministério Público em março e aprovado em comissão especial na
quarta (23). Com a falta de consenso e a polêmica, porém, Maia anunciou nova
tentativa de votação na terça-feira (29). O presidente da Casa fez um enfático discurso aos seus pares, ao encerrar
a sessão, negando haver tentativa de anistia e dizendo que isso é apenas
"um jogo de palavras para desmoralizar e enfraquecer o Parlamento
brasileiro." Maia fez ainda insinuações indiretas em relação ao Poder
Judiciário e ao Ministério Público.
Na tarde desta quinta, o juiz Sergio Moro, responsável na primeira
instância pelos processos da Lava Jato, divulgou nota afirmando que uma
possível anistia "impactaria não só as investigações e os processos já
julgados no âmbito da Operação Lava Jato", mas "o estado de Direito e
a democracia". (Folha de São Paulo)